quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

“Ó mor dam’um beijinho”

Num dia destes tive de ir ao TIC do Porto entregar uns documentos a um familiar, lá consegui estacionar o carro, meio em cima do passeio, e com pressa lá fui á mala buscar as papeladas, estava eu a ligar o alarme quando ouço – “Ó mor dam’um beijinho” e logo de seguida – “Ó mor dam’um cigarro” – quem podia ser, pois claro que era a Zélia, senhora já idosa que vagueia por toda a cidade do porto de uma ponta a outra, comendo o que lhe vão dando, descansando onde encontra abrigo.

Lá lhe respondi, então Zélia esta tudo bem consigo, sem me deixar acabar a frase – “Ó mor dam’um cigarro” – Está bem, e lá lhe entreguei um cigarro, fazendo já sinal ao agente da autoridade que me demorava pouco, ao entrar no TIC, reparo de relanço que num degrau contíguo estava um idoso sentado e, com os dedos, pedia um cigarro a quem passava, com pressa entrei e não pensei mais nisso.

Após entregar o dossier, sai das instalações dirigindo-me ao meu carro, estava eu a entrar nele quando ouço novamente – “Ó mor dam’um cigarro” – voltei-me já a sorrir e disse à Zélia, - “Mas então não lhe dei agora mesmo um cigarro?” – a Zélia leva a mão suja à boca toda desdentada e ri, vira-se e aponta para o velho que eu havia visto junto à entrada do TIC, e lá estava ele a fumar.

2 comentários:

António DOMINGUES disse...

São algumas das caras que nos são
tão "familiares", porque as vemos
todos os dias na nossa cidade.

Mesmo sem som, pra quem não goste do Pedro, é preciso não fazer de conta que não as vimos...



PEDRO ABRUNHOSA - Fantasmas (Music Video - 2007)

http://www.youtube.com/watch?v=D4vl33tjmLE

Maria Rodrigues disse...

Certamente que terá sido mais importante para Zélia o calôr das suas palavras e do seu sorriso que o sabor do tabaco...
Vamos continuando a SONHAR pelas Zélias que precisarem de nós...

Um abraço SONHADOR